Miguel Sousa Tavares
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
No teu deserto, quase romance.
"E também queria ficar ao pé de ti, excepto quando me irritavas. Havia qualquer coisa em ti que me irritava e me atraía, ao mesmo tempo. Quando eras doce e querido, ou quando essa tua loucura latente ou essa tua alegria escondida vinham ao de cima, eu queria ficar ao pé de ti, porque me davas segurança e simultâneamente sentia que devia também proteger-te. Havia um conforto e uma paz ao teu lado que eu não sentia há muito, muito tempo, e que agora ia sentido, aos poucos, a tomar conta de mim, como uma coisa antiga e segura, perdida lá longe, algures noutras guerras. Mas quando tu ficavas irritado e irritante, quando não querias ouvir as opiniões de ninguém e só sabias dar ordens e esperar que eu e todos à volta ficássemos esmagados pelo teu brilho e clarividência, aí eu afastava-me. Magoada contigo e irritada comigo por me deixar sentir assim magoada por ti. Eu ainda mal te conhecia!"
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